Médico descarta problemas cardiovasculares
devido ao horário de verão
O horário de verão começa este
ano no Brasil no próximo dia 19, mas erra quem pensa que ele pode aumentar o
número de problemas cardíacos, devido ao menor tempo de sono, disse àAgência Brasil o médico Carlos Costa Magalhães,
diretor de Promoção da Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC). “Não há reflexo em termos de problemas cardiovasculares”,
garantiu.
Magalhães
esclareceu que a doença cardiovascular pode se manifestar mais por volta das 5h
ou 6h da manhã, por influência do ciclo circadiano (referente ao dia solar), em
que há modificações da pressão arterial e cardíaca quando a pessoa está se
preparando para acordar. “Mas isso não tem relação com o horário de verão. São
coisas separadas”, explicou.
Ele
sustentou que a evidência de problemas cardiovasculares nas primeiras horas da
manhã já faz parte do conhecimento médico e está relacionada ao aumento da
pressão arterial e da frequência cardíaca, que começa a se manifestar quando a
pessoa está na fase de sono profundo, vai despertar e tem um mal súbito. No
horário de verão, o que se faz é antecipar o relógio biológico em uma hora, o
que leva as pessoas a dormir um pouco menos, esclareceu. “Mas isso não tem
relação com maior incidência de problemas cardiológicos”.
O
professor Reinaldo Castro Souza, do Departamento de Engenharia Elétrica do
Centro Técnico Científico (CTC) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-RJ), vê o horário de verão, neste ano em particular, como
algo extremamente necessário, em função da situação que o país vive no
setor elétrico, "porque a gente está o ano todo despachando térmicas, que
são caríssimas”.
Souza disse que a
população deveria ter sido chamada pelo governo para ajudar o país, reduzindo o
consumo de energia. Argumentou que se isso tivesse ocorrido, não teria sido
necessário ligar tantas usinas térmicas.
O
professor analisou que se o horário de verão deste ano conseguir economizar na
ponta os cerca de 2,5 mil megawatts (MW) poupados em 2013, isso pode
representar muito dinheiro economizado pela utilização maior da luz natural.
“Com isso, você não vai precisar utilizar todas as térmicas, como ocorreu até
agora”. Ele destacou que, no ano passado, de acordo com o Operador Nacional do
Sistema Elétrico, a economia da demanda pelo preço da energia praticada
correspondeu a R$ 400 milhões.
Embora
ainda não haja projeções oficiais, Souza estimou que a economia em termos de
valores poderá ser maior este ano, se for atingida a mesma redução da demanda
de 2013, se o verão tiver muitos dias de luz natural, porque os preços
hoje estão muito altos. “É bem provável que os R$ 400 milhões aumentem. Por
isso, a minha expectativa para o horário de verão é que ele gere financeiramente,
admitindo que tenhamos de fato dias claros, uma redução maior que a de 2013”.
Ele
recomendou aos consumidores que desloquem a decisão de consumo. Ou seja, quando
chegarem em casa ainda com luz natural, não devem ligar os aparelhos que
consomem energia, deixando para fazê-lo mais tarde. “Em vez de tomar banho às
19h, tome às 22h”, disse.
Na
avaliação do professor da PUC-RJ, os cálculos feitos em geral ao longo dos anos
mostram que a economia de energia fica em torno de 0,5%. “O que é importante
para o país é a redução da demanda na ponta”. Lembrou que os responsáveis pelo
setor de energia poderiam solicitar ao consumidor que evite o desperdício,
“porque isso pode ficar violento no bolso dele a partir do ano que vem”.
“Estamos todos apostando que
São Pedro vai ser generoso nessa estação. E se não for?”, indagou. Ele recordou
que os níveis dos reservatórios do Sudeste e do Sul estão em 24% e 20%,
respectivamente, e só no Sul estão com 80%. Se as chuvas não ocorrerem, ele não
tem dúvida de que o racionamento de energia vai ser decretado. “Não tem jeito.
Porque você não vai poder ficar só utilizando térmicas, como foi preciso
neste ano todo”.
Para o
professor, esta é uma oportunidade de alertar a população para aproveitar os
dias longos de verão e economizar um pouco em casa. No ano que vem, “vamos ter
que pagar essa conta do uso das térmicas. E essa conta será tanto mais
alta quanto mais a gente continuar, alienadamente, consumindo”. Agência Brasil.
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