Jornalistas pedem mudanças na formação de policiais para
manifestações
Os episódios de violência policial contra jornalistas nas
manifestações de rua no ano passado foram a debate em audiência pública da
Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público com a presença de
representantes sindicais da categoria e do Ministério da Justiça.
Apesar de repórteres terem sido hostilizados por
manifestantes e da morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes,
o diretor de relações institucionais da Federação Nacional de Jornalistas
(Fenaj), José Carlos Torves, afirmou que dois terços das agressões sofridas
pelos jornalistas partiram da polícia. "Nós já expressamos ao Ministério
da Justiça que é preciso urgente [sic] uma revisão dos currículos de formação
dos policiais, que ainda estão sendo formados no mesmo período da ditadura, que
não podem enxergar um jornalista cobrindo uma manifestação, que a tentativa é
pegar o material e agredir o jornalista. Isso é o que vem ocorrendo."
Segundo Torves, que também representou a Central Única dos
Trabalhadores (CUT), as agressões de manifestantes vieram de grupos violentos
infiltrados nas manifestações. Além disso, ele acredita haver o hábito de
confundir os jornalistas com a linha editorial dos veículos.
Já o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo,
José Augusto de Oliveira Camargo, afirmou que os jornalistas se veem em fogo
cruzado: “ficam preocupados em não serem agredidos pela PM e em virarem alvo de
parte dos manifestantes”.
Grupo de trabalho
A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da
Justiça criou um grupo de trabalho com associações de jornalistas e de empresas
jornalísticas para buscar diretrizes que auxiliem a proteção desses
profissionais e o livre exercício da profissão.
Audiência pública sobre “A violência sofrida por parte dos
jornalistas, repórteres e fotógrafos e demais profissionais de imprensa,
durante as manifestações ocorridas no ano de 2013
O grupo de trabalho deve se encerrar ainda em abril. Segundo
o assessor da Secretaria Nacional de Segurança Pública Guilherme Leonardi, esse
grupo vai apresentar orientações para redução do risco no trabalho, como o uso
de equipamentos de proteção.
Orientações aos profissionais
Segundo Leonardi, o grupo definirá orientações sobre como se
preparar para a manifestação, como proceder durante a manifestação e,
posteriormente, também como avaliar o que ocorreu, quais foram os danos, o que
poderia ter ocorrido de forma diferente, o que poderia ter sido evitado. “São
para todos os espectros. É importante que a gente reconheça o papel dos
profissionais de comunicação, das entidades que possuem os veículos de
comunicação e também dos profissionais de segurança."
Para o deputado Policarpo (PT-DF), debates como o realizado
pela Comissão de Trabalho são importantes para chamar a atenção sobre o tema.
"Que esse debate sirva não apenas para permitir que o trabalho do
jornalista seja feito com tranquilidade, mas ao mesmo tempo que chame atenção
para esse problema. As pessoas têm que se manifestar, tem que fazer suas
manifestações, mas de forma livre e sem violência, né?"
Na Câmara, uma comissão externa que acompanhou as
investigações sobre a morte do cinegrafista Santiago Andrade, encerrou os
trabalhos no fim de março. 'Agência Câmara Notícias
Comentários
Postar um comentário